segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Duas almas solitárias

por do sol Pictures, Images and Photos
O sol estava-se a pôr quando ela chegou à praia, era raro ir ali, mas algo naquele dia lhe disse que deveria lá ir. Seja como for, pensou, tinha que passear a sua cadela labrador que estava a necessitar perder aqueles quilos que vai ganhando com o pouco tempo de passeio aos dias de semana.
O sol estava ganhando um tom alaranjado, o mar calmo mas com algumas ondas que teimavam em chegar à praia. As duas passearam à beira mar, ela marcou um ponto de volta, seria até onde se encontrava aquele grupo de pessoas, para ela era mais uma esperança de que alguém metesse conversa com ela, que alguém reparasse na sua presença e a abordasse. Mas nada disso aconteceu, chegou perto do grupo de pessoas que afinal eram apenas dois namorados, e voltou para trás.
Ao chegar em frente às escadas por onde tinha subido para a praia sentou-se observando o mar, à espera de uma resposta vinda das profundezas do seu ser, essa resposta tão aguardada que lhe deveria indicar um caminho. A resposta que deveria acalmar essa inquietação que sentia e que consumia e corroía as profundezas.
Passou-se algum tempo, o sol já estava mais perto do seu leito, o mar ganhava uma cor dourada, quente, mas nenhuma resposta chegou que lhe agradasse e acalmasse.
Ao mesmo tempo alguém aproximava-se do mar, trazia uma sweat shirt cinzenta com capuz o qual estava cobrindo a cabeça. Ela observa e pensou, que alma solitária aquela, o que será que a faz vir até uma praia ver o pôr-do-sol sozinha, como é triste não ter alguém com quem o partilhar. Baixou os olhos e viu que afinal também ela ali estava só, só não, com a sua companheira deitada a seu lado.
A rapariga da sweat cinzenta puxou um cigarro, tirou o capuz, tinha um cabelo castanho escuro ondulado, acendeu o cigarro e de repente apossou-se dos seus pensamentos algo que nunca, já mais lhe ocorrera em situação semelhante. Ia pedir-lhe um cigarro, sim era uma forma de começar uma conversa, mas há anos que não fuma e logo agora que tentava levar uma vida saudável. Será que ainda sabia fumar, ou iria fazer figura ridícula. Não se importou, de qualquer forma não se conheciam, nada havia a perder.
Levantou-se e caminhou na sua direção:
- Desculpa tens um cigarro? Não é hábito eu cravar e há anos que não fumo mas hoje particularmente estava mesmo a apetecer um cigarro.
- Sim, claro. Mas não me agrada a ideia de ser a responsável por alguém voltar a fumar.
Disse com um ar agradável. E acendeu o isqueiro.